sábado, 13 de outubro de 2012

O mundo fantástico dos sebos...

Você já comprou algum livro em um sebo?


Belém não é uma cidade com um grande número de livrarias, estas, além de serem poucas a maioria ainda possuem um preço salgadíssimo de seus acervos. Frente a esta situação é crescente o número de sebos que estão abrindo pela cidade, pois eles tornam-se uma alternativa a quem busca se atualizar em suas leituras, posso citar aqui os sebos mais conhecidos, como: Cultura Usada, O Baú, Sebo Cultural, Alfarrábio, Pólo Cultural, A Banca do Zé e O Relicário, fora aqueles que são em bancas de revistas, no meio da rua, etc.

Não sou uma pessoa com muitos recursos financeiros, então esta situação naturalmente estaria me impedindo de conseguir novos livros se eu fosse seguir um parâmetro de compra-los em livrarias... Tenho muitos livros e creio que 80% do que tenho foi adquirido em sebos regionais ou nacionais (via internet no site: estante virtual). Se não fossem os diversos sebo em Belém ou no Brasil com certeza eu não teria como comprar livros que hoje tenho de autores como: O Perfume (Patrick Süskind), O retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde), Sertão D’água (Mario Quintana), Rimbaud e Jim Morrison (Fowlie), Uma Estadia no Inferno (Rimbaud), entre outros.

Certa vez procurei sem êxito em Belém o livro “Eu e outros poemas” de Augusto dos Anjos e infelizmente não encontrei... Então encomendei pela internet em um sebo virtual e após algum tempo ele chegou pelos correios. Sempre fui fascinada por Augusto dos Anjos, o poeta pessimista que nunca se enquadrou em nenhum gênero literário.

Ao abrir o livro tive a primeira surpresa, na contracapa do livro está escrito o nome da antiga dona e a data em que ele foi adquirido, Ludmila (a antiga dona) comprou este livro no dia 11/09/2001, exatamente 10 anos depois, no dia 11/09/2011 este livro chegava em minha mãos, em ótimo estado por sinal.

Pode ser um relato bobo, não acredito em superstições, mas foi uma situação interessante ter esse livro em um ótimo estado após tanto tempo com alguém. Não sei se esta pessoa o leu, se ela fez uso do conhecimento que Augusto dos Anjos tentou transmitir, se ela gravou seus poemas, enfim... Frente a este caso que aconteceu comigo, o que estou tentando repassar?

Muitos livros são abandonados ou jogados fora por não servirem mais para o interesse do antigo leitor, esta semana li a seguinte frase: “nem o amor fere tanto o poeta quanto as traças”. Um livro deveria seguir um ciclo como para estar sempre em uso, ler e repassar. Trato desta questão de forma utópica, pois nem eu mesma faço isso.

Você tem um livro em sua estante que tem toda uma história para contar, então empresta para alguém e esta pessoa não tem o mínimo de cuidado, suja, mancha, perde, etc. Isto nos deixa paranoicos com todos.

Sou muito sentimentalista com a carga literária que admiro, principalmente quando adquiro, posso lembrar da emoção que tive ao adquirir por exemplo, “Eram os Deuses Astronautas” de Erich Von Daniken por apenas 4 reais ou a coleção completa de “Odisseia” de Homero (3 livros) por apena 15 reais. As folhas passam, as histórias ficam para a eternidade que cabe a cada um de nós é viver.

O que ainda há de interessante em visitar um sebo é que você nunca sabe o que vai encontrar, simplesmente ficamos horas vasculhando as estantes e espirrando com tanta poeira em busca de algo que não sabemos o que é, mas que uma hora vamos achar e entraremos em deslumbre. Imagine em meio a centenas de livro encontrar o minúsculo livro de Oscar Wilde com um único conto "O Fantasma de Canterville". Sem contar que você pode achar de revistas em quadrinhos a livros que você usa na universidade.

Ainda acho mais cômodo ainda adquirir um livro por um sebo virtual, como no site “Estante Virtual” que deixo o link no final do texto. Neste site vemos uma lista de vários sebos nacionais com todo o seu acervo, basta você digitar o que busca e pronto! Pode pagar uma “pechincha” de frete e terá o livro que lhe agrada em mãos. O mais interessante é que no site há uma descrição completa do estado do livro, se é novo ou usado, se for usado você terá a descrição de todo o estado em que ele se encontra.
Nunca tive nenhum problema em nenhuma compra e sempre comprei livros por menos da metade do valor em que normalmente vejo em livrarias, sejam eles novos ou usados. Você lembra @cuffman que você comprou um livro por R$ 50,00 , que em uma livraria em Belém estava custando R$ 150,00?

Este textinho é um incentivo ao hábito não apena de ler, mas de valorizar os sebos.

Realmente você pode ter muitas surpresas ao comprar um livro usado...

Posso ainda dar uma opinião ambientalista, quanto mais comprarmos em sebos menos árvores estarão sendo derrubadas para fazer novos livros.

Em 2009 André Garcia, criador do site Estante Virtual, teve um espaço na Bienal do Livro em SP onde ocorreu o clube da "Troca do Livro", o resultado foi incrível, cerca de 20 mil livros foram trocados durante a bienal.

"Queríamos que as pessoas degustassem o acervo dos sebos que fazem parte do Estante Virtual sem ter que gastar dinheiro por isso. A ideia era potencializar o valor das trocas. E funcionou, as pessoas entram aqui com best-sellers e saem com literatura clássica." (Gabriel)
"Para a equipe do Estante Virtual, promover uma grande ação de trocas em meio à Bienal do Livro é um manifesto contra os altos preços praticados pelo grande mercado - do qual o site não faz parte." Fonte: O Globo_Blogs)

André Garcia, diretor do site e idealizador da ação que movimentou a Bienal do Livro.

Se você é alérgico, cuidado coma poeira!
Pense nisso e boa leitura!

SITE ESTANTE VIRTUAL: http://www.estantevirtual.com.br/

3 comentários:

  1. Muito cuidado com a Estante Virtual!
    Seu atual modelo de negócios é baseado na arbitrariedade e exploração sistemática dos livreiros e sebos que abastecem o portal.

    No começo de junho de 2014, 150 livreiros retiraram seus acervos contra o reajuste de 100% na taxa sobre vendas.(Para se ter uma ideia, os encargos sobre vendas estão na faixa de 18%, muito acima de qualquer outro portal-mercado livre está em 10%).

    Existe também um abaixo-assinado com seis mil e setecentos signatários contra os abusos da Estante Virtual. Participem!
    http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/cultura-para-todos-por-uma-estante-virtual-mais-justa

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    1. Não seria mais fácil simplesmente deixar de trabalhar e/ou fazer negócios com uma empresa que você considere ter práticas injustas de negociação, ao invés de tentar combatê-la?
      Se as taxas são abusivas, e todos concordarem, basta que retirem seus acervos da Estante Virtual.
      Mas se continuam a manter e disponibilizar seus acervos ali, penso que seja porque valha a pena...
      Concorda?

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