terça-feira, 31 de julho de 2012

Augusto dos Anjos, o poeta do pessimismo


"Escarrar de um abismo noutro abismo,
Mandando ao Céu o fumo de um cigarro,
Há mais filosofia neste escarro
Do que em toda a moral do cristianismo."
(Augusto dos Anjos)

Este é um dos poeta que mai me influenciaram, que mais me fizeram a mergulhar neste mundo da poesia, posso confiar a Mario faustino e Augusto dos Anjos meus eternos agradecimentos por terem me mostrado o que é a beleza da escrita em formas de verso. Pela poesia podemos mergulhar em um mundo de interpretações com palavras profundas.

Posso ter muito de pessimista em alguns versos meus, mas a poesia é isto... A profunda expressão do eu lírico, o objetivo não é agradar ao outro, se fosse assim não haveriam as várias formas de expressões ao longo da história.

"A cada hora que passa, sopra o vento
Brisa leve que espalha o pó
Jaz nesse pó minha alma doentia
Levada pelo vento há de repousar em algum lugar
Partira para longe de mim...
Hoje sou um corpo rente a terra
Adormeço em um leito que já não reconheço
Olho em volta e a formas se contraem
Alucinação, surrealismo...Idealismo"
(Madlene)

Augusto dos Anjos é na verdade representante de uma experiência única na literatura universal: a união do simbolismo com cientificismo naturalista, sendo que muitas das vezes foi considerado um poeta pré-modernista pelas suas características expressionista.

Poeta brasileiro. Famoso pela originalidade temática e vocabular, na fase que antecedeu o modernismo, Augusto dos Anjos recorreu a uma infinidade de termos científicos, biológicos e médicos ao escrever seus versos de excelente fatura, nos quais expressa por princípio um pessimismo atroz.

Teve um único livro publicado em vida chamado “Eu” em 1912, suas outras poesias foram publicadas de forma esparsa após sua morte conforme iam sendo descobertas como verdadeiras relíquias.

Sua obra foi menosprezada e ele foi intitulado o poeta de versos aberrantes, pois cantava à predestinação do homem a morte não com o lirismo amoroso do romantismo, mas muito além do realismo ao falar da carne sendo consumidas por vermes e ao corpo virar pó.

O próprio Olavo Bilac, poeta parnasiano, o criticou bastante até mesmo após a sua morte. Conta-se que após o comunicado do falecimento de Augusto dos Anjos a Bilac ele nem mesmo conhecia o poeta, após a leitura de um de seus versos ele expressou: “Fez bem em morrer, não se perde grande coisa”. Bilac como um dos ícones do parnasianismo, era de se esperar tal posição, pois foi um movimento que valorizava extremamente a elaboração dos versos, a forma perfeita, Augusto ia totalmente contra estas característica...

Augusto foi um grande intelectual e bacharel em direito, a frente de seu tempo, um exemplar de do Eu faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas composições, são centenas de termos técnicos científicos.

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