O texto a seguir não é de minha autoria, ele foi retirado da coleção Gênios da Arte, do fascículo referente ao pintor Picasso.
Em 27 de abril de 1937, o jornal Times publicou esta notícia: “Ontem a tarde. Guernica foi totalmente destruída por um ataque aéreo. O bombardeio na cidade demorou três quartos de hora. Nesse tempo uma esquadrilha de aviões lançou bombas de até 500 quilos, enquanto os caças metralhavam os habitantes que saiam fugindo. Tudo ficou envolto em chamas”.
O governo republicano espanhol o convidou a participar do Pavilhão Espanhol da Exposição Internacional de Paris com uma pintura mural. Em de abril bombardearam Guernica, e os jornais Ce-Sois e L’Humanité publicaram as foto do bombardeio nos dias seguintes. Em 1 de Maio Picasso começou a trabalhar nos mais de estudos que concluíram com Guernica, que em meados de junho foi instalado no pavilhão. No fim do mesmo ano terminou as obras realizadas na linha de Guernica, com A Mulher que chora e A Suplicante.. Em 1934 as imagens sobre o tema da corrida do touro não só tinham aumentado como experimentado algumas variações importantes. O touro que agride e destrói o cavalo tinha e tornado muitas vezes o protagonista (Corrida: A morte do Toureiro, cujo o cavalo é um antecedente direto). Em Guernica, a cena desenvolve um acontecimento que ocasionalmente tem lugar na praça, mas o faz com uma intensidade cruel que transborda o próprio acontecimento. A violência mais extrema é o motivo central, a brutalidade do touro, seu instrumento. Uma figura bem distinta, uma mulher com um candeeiro ou uma vela, começa a iluminar as cenas de violência.
Com Guernica Picasso inaugurou uma temática de grande dignidade no século 19: a pintura de batalha. Mas Picasso inverteu a tradição: aqui não há heróis, só há vítimas, não há natureza, só ruas arrasadas, não há dignidade nem na vitória nem no perdão, só a atrocidade do que está impiedosamente arrasado; não há soldados, guerreiros lutadores, só a violência mais desmedida. O artista evita a representação do episódio do bombardeio. Não se reconhecem as imagens que aparecem aqueles dias nos jornais, mas sua violência é maior. Guernica é a alegoria que adianta a tragédia Segunda guerra Mundial, de Dresde, de Londres, de Hiroshima... Picasso serviu-se do touro enérgico e monumental , do cavalo destripado que relincha de dor, da maternidade dolorida, do guerreiro morto, da mulher que grita aterrorizada ante o desastre, da luz que ilumina os acontecimentos, da luz do bombardeio... E constrói um espaço angustiado, no qual os personagens se estiram e crescem exageradamente. A intensidade do horror do acontecimento atinge o espectador no primeiro golpe de vista. A iluminação acentua a violência descarnada, e a ausência de cor faz com que a violência desse apocalíptico mundo de sombras seja um herdeiro direto e contundente das pinturas de Quinta de Sordo. A força da obra se radicaliza no mundo de desolação e violência e no phatos que ele expressa.
A interpretação de Picasso transformou o fato no acontecimento do século, ao incorporar a ele as próprias experiências. Não é a atualidade histórica nem a representação do acontecimento concreto o que confunde a validade do quadro. Mas a consternação que invadiu o ânimo do artista, que fez possível a modelagem da eternidade do sofrimento.
A poesia do ciclo de águas-fortes Sonho e Mentira de Franco terminam com estas palavras: “grito de meninos, grito de mulheres, grito de pássaros, grito de flores (...), gritos de árvores e de pedras, gritos de fumaça, dos gritos que cozinham na caldeira e da chuva de pássaros que inundam o o mar que rói o osso...”
Itinerário interno
Algo sobre o que gosto e admiro, nada mais...
domingo, 30 de agosto de 2015
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Air Dolls - um filme de Hirokazu Koreeda
Air doll (Brasil – Boneca Inflável) é um filme do diretor Hirokazu Koreeda lançado no ano de 2009. O filme é baseado no mangá de Yoshiie Goda.
O título do filme pode sugerir algo erótico, no entanto sua abordagem vai muito além desta avaliação superficial, “Boneca inflável” com certeza foi um dos melhores dramas que já assisti, juntamente com “Ninguém pode saber”, também do dirigido por Koreeda. Seus dramas são profundos e prendem o telespectador no enredo, algumas pessoas podem achar monótono por quase não haver trilha sonora ou grandes diálogos em seus filmes, pois seu foco principal é em mostrar o psicológico dos personagens.
Air Doll é um drama focado na “vida” de Nozomi (Bae Doona), uma boneca inflável e a companheira de Hideo (Itsuji Itao), um homem de meia idade e solitário que trabalha como garçom em um restaurante. Nozomi é para ele muito além de um objeto sexual (sua real função), mas também sua única companheira que ele leva para passear e namorar no parque, ganha roupas e até mesmo xampu de luxo para lavar seus cabelos. Nozomi somente fica sozinha nos momentos que Hideo sai para trabalhar.
Logo no início do filme Nozomi cria vida, o filme não explica como ela consegue esta artimanha, mas como ela mesma diz “eu encontrei um coração”. Nozomi não vira humana, ela permanece feita de látex e cheia de ar, mas com um coração que lhe permite possuir todos os sentimentos humanos, os mais felizes e os mais tristes... Após este fato Nozomi passa a sair todos os dias de casa quando Hideo não se encontra, ela começa a explorar os arredores de sua casa, no entanto sempre retornando pelo fim do dia (horário em que Hideo volta para casa), para cumprir sua função de “boneca inflável”.
Seus passeios alcançam distancias maiores e em uma de suas saídas Nozomi encontra uma locadora e fica fascinada com o lugar, logo ela consegue facilmente um emprego mesmo sem entender nada de filmes, ela passa a trabalhar no local e aos poucos vai sentindo um sentimento mais profundo de todos: Nozomi se apaixona pelo seu colega de trabalho (Junichi).
A trama do filme está centrada na verdade em uma doença social que acomete o Japão, conhecida como Hikikomoris e vem se espalhando em um mundo globalizado e superpopuloso, onde cada vez mais as pessoas estão solitárias vivendo em seus mundos fechados e a depressão vem como única companhia. Ao longo do próprio filme são mostrados outros personagens que vivem crises de solidão em seus diversos tipos e motivos, desta forma Nozomi descobre que todos são tão vazios e solitários quanto ela e conclui que ter um coração pode ter sido a pior coisa que lhe aconteceu, como ela afirma em um trecho
Após se apaixonar por seu colega Junichi, Nozomi mantém relações sexuais com e consegue até mesmo sentir prazer sexual do “seu jeito” após ela cair e ter um corte na barriga, seu ar sai e Junichi assoprar para lhe encher. Este filme é muito belo, principalmente pela magnífica atuação da atriz que interpreta Nozomi, que por si só já possui um físico de boneca. Para esconder sua realidade, Nozomi diariamente passa por um processo de transformação em humana, escondendo suas linhas de costura com maquiagens.
Gostaria de me estender ainda mais no enredo deste filme, então que tal você assistir e tirar suas próprias conclusões?
O título do filme pode sugerir algo erótico, no entanto sua abordagem vai muito além desta avaliação superficial, “Boneca inflável” com certeza foi um dos melhores dramas que já assisti, juntamente com “Ninguém pode saber”, também do dirigido por Koreeda. Seus dramas são profundos e prendem o telespectador no enredo, algumas pessoas podem achar monótono por quase não haver trilha sonora ou grandes diálogos em seus filmes, pois seu foco principal é em mostrar o psicológico dos personagens.
Air Doll é um drama focado na “vida” de Nozomi (Bae Doona), uma boneca inflável e a companheira de Hideo (Itsuji Itao), um homem de meia idade e solitário que trabalha como garçom em um restaurante. Nozomi é para ele muito além de um objeto sexual (sua real função), mas também sua única companheira que ele leva para passear e namorar no parque, ganha roupas e até mesmo xampu de luxo para lavar seus cabelos. Nozomi somente fica sozinha nos momentos que Hideo sai para trabalhar.
Logo no início do filme Nozomi cria vida, o filme não explica como ela consegue esta artimanha, mas como ela mesma diz “eu encontrei um coração”. Nozomi não vira humana, ela permanece feita de látex e cheia de ar, mas com um coração que lhe permite possuir todos os sentimentos humanos, os mais felizes e os mais tristes... Após este fato Nozomi passa a sair todos os dias de casa quando Hideo não se encontra, ela começa a explorar os arredores de sua casa, no entanto sempre retornando pelo fim do dia (horário em que Hideo volta para casa), para cumprir sua função de “boneca inflável”.
Seus passeios alcançam distancias maiores e em uma de suas saídas Nozomi encontra uma locadora e fica fascinada com o lugar, logo ela consegue facilmente um emprego mesmo sem entender nada de filmes, ela passa a trabalhar no local e aos poucos vai sentindo um sentimento mais profundo de todos: Nozomi se apaixona pelo seu colega de trabalho (Junichi).
A trama do filme está centrada na verdade em uma doença social que acomete o Japão, conhecida como Hikikomoris e vem se espalhando em um mundo globalizado e superpopuloso, onde cada vez mais as pessoas estão solitárias vivendo em seus mundos fechados e a depressão vem como única companhia. Ao longo do próprio filme são mostrados outros personagens que vivem crises de solidão em seus diversos tipos e motivos, desta forma Nozomi descobre que todos são tão vazios e solitários quanto ela e conclui que ter um coração pode ter sido a pior coisa que lhe aconteceu, como ela afirma em um trecho
Após se apaixonar por seu colega Junichi, Nozomi mantém relações sexuais com e consegue até mesmo sentir prazer sexual do “seu jeito” após ela cair e ter um corte na barriga, seu ar sai e Junichi assoprar para lhe encher. Este filme é muito belo, principalmente pela magnífica atuação da atriz que interpreta Nozomi, que por si só já possui um físico de boneca. Para esconder sua realidade, Nozomi diariamente passa por um processo de transformação em humana, escondendo suas linhas de costura com maquiagens.
Gostaria de me estender ainda mais no enredo deste filme, então que tal você assistir e tirar suas próprias conclusões?
terça-feira, 6 de maio de 2014
Katsushika Hokusai - retrato de um gênio (Documentário Arte1)
Depois de um tempo sem postar aqui no blog, pretendo retornar a escrever meus amados textos. Estou com alguns textos escritos até a metade, com vários rascunhos e anotações para continuar ou começar, mas o tempo ocupado e o excesso de procrastinação compromete o trabalho intelectual “além-acadêmico”. E, hoje venho retomar as postagens como um tema rotineiro aqui no Itinerário Interno, e quem me conhece sabe deste meu fascínio: a arte oriental.
Sou fascinada pelo mundo das artes orientais, seja no teatro, dança, pintura, desenho, gravuras, etc. Esta arte tem algo que está presente somente nela, não seguindo filosofias vanguardistas, mas a presença de uma profundidade poética ao retratar o mundo.
Nesta quinta (01/05/2014) foi transmitido no canal Arte1 o documentário “Katsushika Hokusai: retrato de um gênio”, realizei algumas anotações e as incrementei com mais e mais pesquisas da web, e agora venho aqui compartilhar com vocês alguns pontos da vida e obra deste grandioso e um dos mais célebres artistas do período Edo.
Katsushika Hokusai (1870-1849) foi um dos artistas mais conhecidos do período Edo no Japão, consagrado no estilo ukiyo-e (Veja mais sobre ukiyo-e em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e) . Natural de Edo (atual Tokio), Hokusai possui uma série de obras, chegando a mais de 30 mil, dentre gravuras, xilogravuras, desenhos, livros, pinturas, etc. Uma de suas obras mais conhecida e agraciada mundialmente(e que você provavelmente já deve ter visto) é “A grande onda de Nakagawa (em japonês ‘Kanagawa oki nami ura)”. Vale ressaltar outras de suas obras que também são amplamente conhecidas como “As 36 vistas do Monte Fuji” e o “Caderno de desenho de Hokusai”.
Na coleção “100 retratos do Monte Fuji” estão presentes mais de 100 obras, dentre elas uma suas mais famosas: A grande onde de Nakagawa. Nesta coleção é possível ver várias visões diferentes do Monte Fuji, em vários ângulos e cores que variam ao longo do dia (manhã, tarde, por do sol, noite, neblina, etc).
Achei este texto de Hokusai em um blog, ele o escreveu aos 75 anos no prefácio de "100 retratos do Monte Fuji":
"Desde os cinco anos de idade que tive a mania de desenhar a forma das coisas. Desde os cinqüenta anos de idade que produzi um número razoável de desenhos, mas, no entanto, tudo o que fiz até aos setenta anos não é realmente digno de menção. Pelos setenta e dois anos de idade apreendi finalmente algo da verdadeiro da qualidade das aves, animais, insetos e peixes, e da natureza vital das plantas e árvores. Assim, aos oitenta anos de idade deverei ter já feito algum progresso. Aos noventa deverei ter penetrado ainda mais no mais fundo sentido das coisas. Aos cem anos de idade deverei ter-me tornado realmente maravilhoso e aos cento e dez anos cada ponto, cada linha que eu desenhe deverá possuir seguramente uma vida própria. Peço apenas que os homens de vida suficientemente longa tenham o cuidado de verificar a verdade das minhas palavras."
A grande onda de Nakagawa, como já disse ser uma de suas obras mais famosas (tem até um ícone no whatssapp), ela apresenta ao fundo o Monte Fuji. Nesta gravura é possível ver uma onda com cristas muito eminentes e a espuma branca da água formando como se fossem garras de um tigre, a onda parece estar em perfeito movimento. Para este documentário foi contatado um fotógrafo especialista em fotografar ondas no mundo inteiro, seu desafio foi fotografar uma onda em um ambiente artificial para verificar até em que ponto a nitidez da fotografia sairia semelhante a nitidez da extremidade da onda de Hokusai. Durante várias tentativas foi possível ver que as fotos não apresentavam a mesma nitidez que a obra de Hokusai na parte da espuma, somente em uma foto de 1/5000 seg foi possível identificar os detalhes da onda que se assemelharam muito a obra, como “garras”. Com isso é possível ver a genialidade de Hokusai ao representar os detalhes de uma onda que só pode ser visualizada hoje com instrumentos moderno de captação de imagens.
Outra obra sua que possui grande relevância é “O Monte Fuji Vermelho”, também fazendo parte da coleção “100 vista do Monte Fuji”, nesta obra é possível ver o monte Fuji em um tom avermelhado, o que é muito difícil de ser registrado por ser um fenômeno raro. Um especialista em fotografia e membro da “Associação de Fotografia do Monte Fuji Vermelho” explicou sobre este fenômeno. Segundo ele, a constituição rochosa do Monte Fuji normalmente não fica vermelha ao amanhecer, no entanto se molhar essa rocha ela adquire um tem avermelhado e se ela estiver molhada ao amanhecer o tom avermelhado se intensifica ainda mais. Em 2003 o fotógrafo Tomizuka Karuo conseguiu registrar uma imagem do Monte Fuji vermelho, nestas condições extraordinárias, o que se assemelhou em muito a obra de Hokusai.
Katsushika Hokusai foi um artista único, ele mudou seu nome artístico mais de 30 vezes ao longo da vida, segundo ele por estar em constantes mudanças, Aos 20 anos assinava em suas obras como Shunra, aos 30 como Sori, aos 60 como Lisio e aos 70 como “Pintor Velho e Louco”. Ele foi o artista com o maior número de nomes em Edo.Sua habilidade para o desenho teve inicio muito cedo, aos 6 anos de idade Hokusai já desenhava, aos 19 anos fez sua primeira obra com xilogravura onde representou um dos artistas mais famoso de Kabuki do seu período, nesta obra ele assinou como Shunro (seu nome artístico aos 20 anos).
Com o entrave estrangeiro em Nagasaki muito dos elementos ocidentais foram inseridos em sua obra, como sombras, profundidade e a assinatura em sílabas substituindo os caracteres japoneses. No entanto Hokusai não se rendeu totalmente a estas características ocidentais, pelo contrário, ele juntou com as suas características orientais e criou um estilo único.
Aos 50 anos de idade Hokusai entrou em um novo projeto, ele iniciou a obra “Caderno de desenhos de Hokusai”, composto de 15 volumes e mais de 4 mil desenhos de animais, plantas e figuras humanas. Estas pessoas que Hokusai desenhou possuem um estilo muito livre e representavam costumes e tradições comuns do período Edo, e se algumas delas fossem colocadas em série era possível ver um movimento entre as imagens, como lutadores de Sumô e dançarinos, simplesmente fantástico. Esta obra chegou a Europa no final do século XIV e foi ela uma das responsáveis por inserir o “japonismo” na arte europeia liderada no momento pelo Expressionismo.
Como já disse antes, Hokusai possuía um espírito livre e em constante mudança, sempre aberto a novas descobertas e aprendizados. Aos 80 anos possuía um porte físico muito bom para a sua idade, e seguiu em uma nova aventura: ir para a cidade de Obuji pintar a convite também muito conhecido pintor Takai Kosan. Ele fez até duas viagens a pé pelas montanhas até a cidade de Obuji, neste momento Hokusai entrou em uma nova fase de sua pintura: o forte emprego das cores vivas em sua obra. Nessa fase de sua vida Hokusai mesmo criava suas tintas e até escreveu um livro aos 88 anos intitulado “Sobre o uso das cores”, em Kyoto e Edo ninguém ainda havia empregado o uso das cores como ele nas artes.
No livro “Sobre o uso das cores” Hokusai deixou uma espécie de instrução para a pintura de algumas imagens, vale relembrar que nessa fase de sua vida ele estava utilizando amplamente cores vivas em suas obras, um exemplo é a Fênix pintada no teto do templo Ganshoin em Obuse. No documentário um artista japonês contemporâneo foi incumbido de colorir uma Fênix e uma orquídea presente no livro, seguindo as “dicas” de Hokusai no emprego das cores. O resultado foi fascinante, pois as cores presentes na orquídea se assemelharam muito aos tons fortes de Hokusai, no entanto ao colorir a Fênix o resultado foram tonalidades muito claras, ou seja, algo muito diferente ao que todos estão habituados com as obras de Hokusai. Seria genialidade ou algo proposital? Nunca iremos saber.
A última obra produzida por Hokusai foi feita e um pergaminho e consistia em um grande dragão girando e indo em direção ao céu, acredita-se que este dragão representava o próprio Katsushika Hokusai no fim de sua vida nos dizendo adeus.
Para saber mais sobre Hokusai, acesse o link do Artsy: https://www.artsy.net/artist/katsushika-hokusai
Sou fascinada pelo mundo das artes orientais, seja no teatro, dança, pintura, desenho, gravuras, etc. Esta arte tem algo que está presente somente nela, não seguindo filosofias vanguardistas, mas a presença de uma profundidade poética ao retratar o mundo.
Nesta quinta (01/05/2014) foi transmitido no canal Arte1 o documentário “Katsushika Hokusai: retrato de um gênio”, realizei algumas anotações e as incrementei com mais e mais pesquisas da web, e agora venho aqui compartilhar com vocês alguns pontos da vida e obra deste grandioso e um dos mais célebres artistas do período Edo.
Katsushika Hokusai (1870-1849) foi um dos artistas mais conhecidos do período Edo no Japão, consagrado no estilo ukiyo-e (Veja mais sobre ukiyo-e em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e) . Natural de Edo (atual Tokio), Hokusai possui uma série de obras, chegando a mais de 30 mil, dentre gravuras, xilogravuras, desenhos, livros, pinturas, etc. Uma de suas obras mais conhecida e agraciada mundialmente(e que você provavelmente já deve ter visto) é “A grande onda de Nakagawa (em japonês ‘Kanagawa oki nami ura)”. Vale ressaltar outras de suas obras que também são amplamente conhecidas como “As 36 vistas do Monte Fuji” e o “Caderno de desenho de Hokusai”.
Na coleção “100 retratos do Monte Fuji” estão presentes mais de 100 obras, dentre elas uma suas mais famosas: A grande onde de Nakagawa. Nesta coleção é possível ver várias visões diferentes do Monte Fuji, em vários ângulos e cores que variam ao longo do dia (manhã, tarde, por do sol, noite, neblina, etc).
Achei este texto de Hokusai em um blog, ele o escreveu aos 75 anos no prefácio de "100 retratos do Monte Fuji":
"Desde os cinco anos de idade que tive a mania de desenhar a forma das coisas. Desde os cinqüenta anos de idade que produzi um número razoável de desenhos, mas, no entanto, tudo o que fiz até aos setenta anos não é realmente digno de menção. Pelos setenta e dois anos de idade apreendi finalmente algo da verdadeiro da qualidade das aves, animais, insetos e peixes, e da natureza vital das plantas e árvores. Assim, aos oitenta anos de idade deverei ter já feito algum progresso. Aos noventa deverei ter penetrado ainda mais no mais fundo sentido das coisas. Aos cem anos de idade deverei ter-me tornado realmente maravilhoso e aos cento e dez anos cada ponto, cada linha que eu desenhe deverá possuir seguramente uma vida própria. Peço apenas que os homens de vida suficientemente longa tenham o cuidado de verificar a verdade das minhas palavras."
A grande onda de Nakagawa, como já disse ser uma de suas obras mais famosas (tem até um ícone no whatssapp), ela apresenta ao fundo o Monte Fuji. Nesta gravura é possível ver uma onda com cristas muito eminentes e a espuma branca da água formando como se fossem garras de um tigre, a onda parece estar em perfeito movimento. Para este documentário foi contatado um fotógrafo especialista em fotografar ondas no mundo inteiro, seu desafio foi fotografar uma onda em um ambiente artificial para verificar até em que ponto a nitidez da fotografia sairia semelhante a nitidez da extremidade da onda de Hokusai. Durante várias tentativas foi possível ver que as fotos não apresentavam a mesma nitidez que a obra de Hokusai na parte da espuma, somente em uma foto de 1/5000 seg foi possível identificar os detalhes da onda que se assemelharam muito a obra, como “garras”. Com isso é possível ver a genialidade de Hokusai ao representar os detalhes de uma onda que só pode ser visualizada hoje com instrumentos moderno de captação de imagens.
Outra obra sua que possui grande relevância é “O Monte Fuji Vermelho”, também fazendo parte da coleção “100 vista do Monte Fuji”, nesta obra é possível ver o monte Fuji em um tom avermelhado, o que é muito difícil de ser registrado por ser um fenômeno raro. Um especialista em fotografia e membro da “Associação de Fotografia do Monte Fuji Vermelho” explicou sobre este fenômeno. Segundo ele, a constituição rochosa do Monte Fuji normalmente não fica vermelha ao amanhecer, no entanto se molhar essa rocha ela adquire um tem avermelhado e se ela estiver molhada ao amanhecer o tom avermelhado se intensifica ainda mais. Em 2003 o fotógrafo Tomizuka Karuo conseguiu registrar uma imagem do Monte Fuji vermelho, nestas condições extraordinárias, o que se assemelhou em muito a obra de Hokusai.
Katsushika Hokusai foi um artista único, ele mudou seu nome artístico mais de 30 vezes ao longo da vida, segundo ele por estar em constantes mudanças, Aos 20 anos assinava em suas obras como Shunra, aos 30 como Sori, aos 60 como Lisio e aos 70 como “Pintor Velho e Louco”. Ele foi o artista com o maior número de nomes em Edo.Sua habilidade para o desenho teve inicio muito cedo, aos 6 anos de idade Hokusai já desenhava, aos 19 anos fez sua primeira obra com xilogravura onde representou um dos artistas mais famoso de Kabuki do seu período, nesta obra ele assinou como Shunro (seu nome artístico aos 20 anos).
Com o entrave estrangeiro em Nagasaki muito dos elementos ocidentais foram inseridos em sua obra, como sombras, profundidade e a assinatura em sílabas substituindo os caracteres japoneses. No entanto Hokusai não se rendeu totalmente a estas características ocidentais, pelo contrário, ele juntou com as suas características orientais e criou um estilo único.
Aos 50 anos de idade Hokusai entrou em um novo projeto, ele iniciou a obra “Caderno de desenhos de Hokusai”, composto de 15 volumes e mais de 4 mil desenhos de animais, plantas e figuras humanas. Estas pessoas que Hokusai desenhou possuem um estilo muito livre e representavam costumes e tradições comuns do período Edo, e se algumas delas fossem colocadas em série era possível ver um movimento entre as imagens, como lutadores de Sumô e dançarinos, simplesmente fantástico. Esta obra chegou a Europa no final do século XIV e foi ela uma das responsáveis por inserir o “japonismo” na arte europeia liderada no momento pelo Expressionismo.
Como já disse antes, Hokusai possuía um espírito livre e em constante mudança, sempre aberto a novas descobertas e aprendizados. Aos 80 anos possuía um porte físico muito bom para a sua idade, e seguiu em uma nova aventura: ir para a cidade de Obuji pintar a convite também muito conhecido pintor Takai Kosan. Ele fez até duas viagens a pé pelas montanhas até a cidade de Obuji, neste momento Hokusai entrou em uma nova fase de sua pintura: o forte emprego das cores vivas em sua obra. Nessa fase de sua vida Hokusai mesmo criava suas tintas e até escreveu um livro aos 88 anos intitulado “Sobre o uso das cores”, em Kyoto e Edo ninguém ainda havia empregado o uso das cores como ele nas artes.
No livro “Sobre o uso das cores” Hokusai deixou uma espécie de instrução para a pintura de algumas imagens, vale relembrar que nessa fase de sua vida ele estava utilizando amplamente cores vivas em suas obras, um exemplo é a Fênix pintada no teto do templo Ganshoin em Obuse. No documentário um artista japonês contemporâneo foi incumbido de colorir uma Fênix e uma orquídea presente no livro, seguindo as “dicas” de Hokusai no emprego das cores. O resultado foi fascinante, pois as cores presentes na orquídea se assemelharam muito aos tons fortes de Hokusai, no entanto ao colorir a Fênix o resultado foram tonalidades muito claras, ou seja, algo muito diferente ao que todos estão habituados com as obras de Hokusai. Seria genialidade ou algo proposital? Nunca iremos saber.
A última obra produzida por Hokusai foi feita e um pergaminho e consistia em um grande dragão girando e indo em direção ao céu, acredita-se que este dragão representava o próprio Katsushika Hokusai no fim de sua vida nos dizendo adeus.
Para saber mais sobre Hokusai, acesse o link do Artsy: https://www.artsy.net/artist/katsushika-hokusai
sábado, 7 de setembro de 2013
Jakuchu Ito - arte japonesa
TEXTO SUJEITO A MELHORAMENTO INFORMATIVO E ORTOGRÁFICO
Jakuchu Ito foi um pintor japonês que viveu no Japão durante o século XVIII, durante a era Edo.
Desde criança ele foi fascinado em observar a natureza ao seu redor, sempre foi considerado antissocial, pois passava a maior parte de seu tempo em uma concentração profunda de admiração à vida que estava ao seu redor. A pintura era uma grande paixão sua e muito se dedicou a esta arte, durante boa parte de sua vida fez cópias perfeitas de quadros de diversos artistas japoneses e chineses.
Um belo dia Jakuchu resolveu pintar o que ele observara a vida toda, por esta razão estudou muito da arte chinesa e seguia a filosofia de pintar as coisas como elas são. Ele sempre gostou de observar galinhas e galos, ele mesmo dizia que passara a vida toda observando esses animais, mas cada vez ele captava um comportamento diferente que tanto o agradava. É por esta razão que é muito observar na obra de Jakuchu a representação de tantos galos e galinhas, pois ele já dominava todos os movimentos destes animais e os representava com uma perfeição de cores e comportamentos.
Durante vários anos pintou uma série de quadros que intitulou “O reino colorido dos seres vivos”, esta obra é um conjunto de 30 painéis com pinturas de natureza dos anos 1700, uma propriedade da família real do Japão e considerado um tesouro cultural, que por muito tempo foi exibido somente uma vez por ano no palácio real. Nestes painéis há a representação de pássaros, flores, insetos, peixes e outros animais sobre painéis de seda verticais.
Uma das características de sua pintura é por haver somente uma camada muito fina de tinta, não havendo qualquer tipo de sobreposição na pintura, nem o cruzamento das linhas de contorno. A camada de tinta é tão fina que é possível observar todas as linhas da seda, material no qual ele usava para pintar.
National Gallery of Art, Washington,:
http://www.youtube.com/watch?v=aKRmYi1StoI&hd=1
Jakuchu Ito foi um pintor japonês que viveu no Japão durante o século XVIII, durante a era Edo.
Desde criança ele foi fascinado em observar a natureza ao seu redor, sempre foi considerado antissocial, pois passava a maior parte de seu tempo em uma concentração profunda de admiração à vida que estava ao seu redor. A pintura era uma grande paixão sua e muito se dedicou a esta arte, durante boa parte de sua vida fez cópias perfeitas de quadros de diversos artistas japoneses e chineses.
Um belo dia Jakuchu resolveu pintar o que ele observara a vida toda, por esta razão estudou muito da arte chinesa e seguia a filosofia de pintar as coisas como elas são. Ele sempre gostou de observar galinhas e galos, ele mesmo dizia que passara a vida toda observando esses animais, mas cada vez ele captava um comportamento diferente que tanto o agradava. É por esta razão que é muito observar na obra de Jakuchu a representação de tantos galos e galinhas, pois ele já dominava todos os movimentos destes animais e os representava com uma perfeição de cores e comportamentos.
Durante vários anos pintou uma série de quadros que intitulou “O reino colorido dos seres vivos”, esta obra é um conjunto de 30 painéis com pinturas de natureza dos anos 1700, uma propriedade da família real do Japão e considerado um tesouro cultural, que por muito tempo foi exibido somente uma vez por ano no palácio real. Nestes painéis há a representação de pássaros, flores, insetos, peixes e outros animais sobre painéis de seda verticais.
Uma das características de sua pintura é por haver somente uma camada muito fina de tinta, não havendo qualquer tipo de sobreposição na pintura, nem o cruzamento das linhas de contorno. A camada de tinta é tão fina que é possível observar todas as linhas da seda, material no qual ele usava para pintar.
National Gallery of Art, Washington,:
http://www.youtube.com/watch?v=aKRmYi1StoI&hd=1
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Poço Money - O poço dos mistérios no Canadá.
Mais uma vez venho aqui escrever sobre um dos assuntos que mais gosto, os chamados “Mistérios da Humanidade”, já postei aqui no meu blog sobre “Malta, a ilha misteriosa do mediterrâneo” e também sobre o “Enigma nuclear de Mohenjo Daro”. Recen vez ao assistir Astronautas do Passado fiquei fascinada com um caso misterioso, que até então não conhecia, o “Poço Money”.
O poço Money está localizado em Oak Island, uma ilha de 57 ha (0,57 km²) de área no Condado de Lunenburg, na parte sul da Nova Escócia, Canadá. Ele foi descoberto ao acaso no ano de 1995 por 3 jovens que explorava as proximidades da ilha após visualizarem algumas luzes “estranhas” no céu (não há confirmação de que esse avistamento realmente tenha acontecido), esses jovens eram Daniel McGinnis, John Smith e Anthony Vaughan, após chegarem ao local onde as luzes foram avistadas os jovens acharam um poço misterioso e começaram a escavar o mesmo... Quanto mais cavavam, mais achavam níveis subterrâneos e objetos estranhos no local, objetos como um tapete feito com fibra de coqueiro (não há coqueiros no Canadá por ser uma palmeira tropical, então de onde ele veio?), também encontraram uma placa de pedra com algumas inscrições estranhas.
Várias tentativas já foram feitas de escavação do poço Money, no entanto elas não tiveram sucesso, muitos foram os investimentos feitos e várias empresas de escavação e mineração já tentaram escavar ao redor do poço para chegar ao seu fundo para saber o que há nele, mas nada teve sucesso. Vale ressaltar também que muitas pessoas morreram na empreitada...
O poço é formado por várias plataformas feitas de carvalho, cada camada distancia 3 metros uma da outra e entre cada uma delas há muitas placas de pedras não nativas da região e de argila. O subterrâneo da ilha possui um complexo sistema hidráulico que não se sabe (ainda) quem construiu, pois há uma engenharia muita precisa de canais que levam a água do mar até o sistema central, o poço Money, causando a inundação do mesmo. Certa vez jogaram tinta vermelha em um dos canais e a tinta saiu por outros 3 pontos distintos ao redor da ilha.
NÍVEIS DO POÇO
SISTEMA HIDRÁULICO
Muitas são as dificuldades para chegar ao fundo do poço, então será que há algo muito importante e valioso escondido nele? Existem inúmeras especulações a respeito do mistério do que ele deve esconder como: joias da coroa da Inglaterra, tesouros de piratas ou quem sabe os manuscritos perdidos de William Shakespeare. No entanto a teoria mais engenhosa que se conhece é de que o poço Money seja o esconderijo de um dos maiores símbolos do cristianismo judaico: a arca da aliança.
Os que acreditam na teoria dos astronautas do passado dizem que se a arca da aliança realmente existiu ela foi (ou é) um artefato que possui tecnologia alienígena e que foi entregue aos israelitas, argumentos que são dados de acordo com o que a bíblia fala de seus poderes “mágicos”, uma das passagens da bíblia que fala que a arca foi roubada pelos hebreus e ao abrirem muitas pessoas morreram vítimas de doenças misteriosas e ficaram doentes com vários tumores cancerígenos.
ARCA DA ALIANÇA
"O triunfo da morte" - (Pieter Bruegel)
Lendas antigas dizem que a arca foi levada pelos cavaleiros templários, a história conta que os templários fizeram um pacto com a família Sinclair (apesar de que alguns historiadores afirmam que a família Sinclair não teve qualquer relação com os templários), que levou a arca da aliança para a ilha de Oak Island para protegê-la da invasão inglesa durante o século XV, e assim construíram o poço Money para escondê-la.
Em meados dos anos 90 alguns cientistas introduziram no interior do poço algumas câmeras e descobriram estranhos objetos, foi feito uma identificação por radiometria para identificar a idade do poço, o resultado foi dito como surpreendente, pois a variação ficou entre “muito antigo” e “futurista”. A explicação que se tem para esse fato é de que o poço contem uma atividade radioativa, por este resultado alguns cientistas passaram a acreditar que o poço pode esconder algum reator nuclear.
Vídeo: Construção do poço - The Money Pit
http://www.youtube.com/watch?v=jUEkxdZF9Z8&hd=1
Poço Money - Canadá (History Chanel)
http://www.youtube.com/watch?v=snuHyuR4F7A&hd=1
O poço Money está localizado em Oak Island, uma ilha de 57 ha (0,57 km²) de área no Condado de Lunenburg, na parte sul da Nova Escócia, Canadá. Ele foi descoberto ao acaso no ano de 1995 por 3 jovens que explorava as proximidades da ilha após visualizarem algumas luzes “estranhas” no céu (não há confirmação de que esse avistamento realmente tenha acontecido), esses jovens eram Daniel McGinnis, John Smith e Anthony Vaughan, após chegarem ao local onde as luzes foram avistadas os jovens acharam um poço misterioso e começaram a escavar o mesmo... Quanto mais cavavam, mais achavam níveis subterrâneos e objetos estranhos no local, objetos como um tapete feito com fibra de coqueiro (não há coqueiros no Canadá por ser uma palmeira tropical, então de onde ele veio?), também encontraram uma placa de pedra com algumas inscrições estranhas.
Várias tentativas já foram feitas de escavação do poço Money, no entanto elas não tiveram sucesso, muitos foram os investimentos feitos e várias empresas de escavação e mineração já tentaram escavar ao redor do poço para chegar ao seu fundo para saber o que há nele, mas nada teve sucesso. Vale ressaltar também que muitas pessoas morreram na empreitada...
O poço é formado por várias plataformas feitas de carvalho, cada camada distancia 3 metros uma da outra e entre cada uma delas há muitas placas de pedras não nativas da região e de argila. O subterrâneo da ilha possui um complexo sistema hidráulico que não se sabe (ainda) quem construiu, pois há uma engenharia muita precisa de canais que levam a água do mar até o sistema central, o poço Money, causando a inundação do mesmo. Certa vez jogaram tinta vermelha em um dos canais e a tinta saiu por outros 3 pontos distintos ao redor da ilha.
NÍVEIS DO POÇO
SISTEMA HIDRÁULICO
Muitas são as dificuldades para chegar ao fundo do poço, então será que há algo muito importante e valioso escondido nele? Existem inúmeras especulações a respeito do mistério do que ele deve esconder como: joias da coroa da Inglaterra, tesouros de piratas ou quem sabe os manuscritos perdidos de William Shakespeare. No entanto a teoria mais engenhosa que se conhece é de que o poço Money seja o esconderijo de um dos maiores símbolos do cristianismo judaico: a arca da aliança.
Os que acreditam na teoria dos astronautas do passado dizem que se a arca da aliança realmente existiu ela foi (ou é) um artefato que possui tecnologia alienígena e que foi entregue aos israelitas, argumentos que são dados de acordo com o que a bíblia fala de seus poderes “mágicos”, uma das passagens da bíblia que fala que a arca foi roubada pelos hebreus e ao abrirem muitas pessoas morreram vítimas de doenças misteriosas e ficaram doentes com vários tumores cancerígenos.
ARCA DA ALIANÇA
"O triunfo da morte" - (Pieter Bruegel)
Lendas antigas dizem que a arca foi levada pelos cavaleiros templários, a história conta que os templários fizeram um pacto com a família Sinclair (apesar de que alguns historiadores afirmam que a família Sinclair não teve qualquer relação com os templários), que levou a arca da aliança para a ilha de Oak Island para protegê-la da invasão inglesa durante o século XV, e assim construíram o poço Money para escondê-la.
Em meados dos anos 90 alguns cientistas introduziram no interior do poço algumas câmeras e descobriram estranhos objetos, foi feito uma identificação por radiometria para identificar a idade do poço, o resultado foi dito como surpreendente, pois a variação ficou entre “muito antigo” e “futurista”. A explicação que se tem para esse fato é de que o poço contem uma atividade radioativa, por este resultado alguns cientistas passaram a acreditar que o poço pode esconder algum reator nuclear.
Vídeo: Construção do poço - The Money Pit
http://www.youtube.com/watch?v=jUEkxdZF9Z8&hd=1
Poço Money - Canadá (History Chanel)
http://www.youtube.com/watch?v=snuHyuR4F7A&hd=1
terça-feira, 2 de julho de 2013
Democracy - Laurie Lipton
Para quem ainda não sabe, laurie Lipton é minha artista favorita, admiro ela não apenas pelos seus traços absurdamente impressionantes, mas principalmente pela sua forma de inserir nos seus desenhos diversa formas de críticas sociais de forma meio obscura e perturbadora. Mais uma vez venho aqui fazer uma interpretação (como uma mera mortal) de uma de suas obras.
"Democracy", charcoal & pencil on paper,28x34.5"
<
Claramente vimos neste quadro uma visão determinista a respeito de nossa política do séc. XXI. O que conhecemos como democracia? Basta irmos atrás de um pouco de informação referente a este termo que logo veremos que o título da obra não passa de uma grande sátira, Algo que Laurie Lipton sabe retratar muito bem em sua arte hiperrealista.
“Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.”
“As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.”
Para saber um pouco mais sobre o que é e o que representa a democracia, acesse o link:
http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/what.htm
Durante muito tempo pensei nesta imagem como uma representação de uma crítica sobre a democracia geral, no entanto recentemente passei a observar que de certa forma ela PODE estar mais voltada para uma crítica a democracia norte-americana.
A imagem faz referencia ao governo americano, a política norte-americana democrática pluralista onde a autoridade governamental é dividida entre vários centros de poder abertos aos interesses de vários grupos. Os Estados Unidos não têm apenas um sistema eleitoral, mas dois — um para o presidente e outro para os membros do Congresso. Ambos contribuem para a descentralização do poder.
“O maior triunfo dos Estados Unidos no chamado Século Americano não foi econômico, político ou mesmo militar. Foi na propaganda — na venda para o mundo da imagem de terra da liberdade, na propagação do assim chamado sonho americano.”
http://diariodocentrodomundo.com.br/por-que-os-americanos-nao-estao-nem-ai-para-as-eleicoes/
O ponto central aqui a ser observado é o controle das massas pelo alto poder por trás do governo, este poder poderia ser o legislativo, o judiciário e/ou o executivo. Esses poderes podem ser observados na imagem através da personificação desses homens bem vestidos que se encontram no lado direito desta obra, você pode observar que na mão do primeiro homem há uma espécie de controle que ao ter o botão apertado ele abre a tampa do caixote onde a “massa” se esconde, controle que representa a manipulação do que está aberto ao público... Claramente a imagem de que a população é constantemente ludibriada pelo governo a ver somente o que for do interesse, não ao bem comum.
Dentro do caixote que o homem do lado direito controla para abrir estão várias pessoas, este é o povo sendo controlado, a tampa do caixote representa o controle das massas, o povo somente enxerga a alegria de uma sociedade falsa, estão totalmente absortos da realidade e somente veneram o controle vigente sem qualquer interesse de desmistificação devido a lavagem cerebral.
Uma política de pão e circo se faz evidente ao observarmos o palco extremamente iluminado e a imagem do político carismático repleto de controle e retórica com um sorriso estampado no rosto. No entanto este político não passa de um verdadeiro marionete controlado pelos poderes governamentais que falei anteriormente, ele é apenas um símbolo para o público em um governo.
É perceptível que o fato ocorre dentro de uma espécie de fábrica, esta é uma fábrica que “produz políticos-marionetes”, seres acéfalos produzidos em massa com o intuito de controle massivo que por meio de persuasão e retórica controlarão as multidões. As formas de manipulações são as mesmas, independente da região, independente do povo.
Esta obra pode nos remeter ao mito da caverna de Platão no livro VII de A Republica de Platão,
O palco com toda aquela alegria e descontração iluminado por holofote seria a parede onde passam apenas às sombras, vemos estas sombras e acreditamos que elas sejam a verdadeira realidade:
Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm
O mundo é caótico, mas a luz ainda tende a nos cegar...
"Democracy", charcoal & pencil on paper,28x34.5"
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Claramente vimos neste quadro uma visão determinista a respeito de nossa política do séc. XXI. O que conhecemos como democracia? Basta irmos atrás de um pouco de informação referente a este termo que logo veremos que o título da obra não passa de uma grande sátira, Algo que Laurie Lipton sabe retratar muito bem em sua arte hiperrealista.
“Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.”
“As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.”
Para saber um pouco mais sobre o que é e o que representa a democracia, acesse o link:
http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/what.htm
Durante muito tempo pensei nesta imagem como uma representação de uma crítica sobre a democracia geral, no entanto recentemente passei a observar que de certa forma ela PODE estar mais voltada para uma crítica a democracia norte-americana.
A imagem faz referencia ao governo americano, a política norte-americana democrática pluralista onde a autoridade governamental é dividida entre vários centros de poder abertos aos interesses de vários grupos. Os Estados Unidos não têm apenas um sistema eleitoral, mas dois — um para o presidente e outro para os membros do Congresso. Ambos contribuem para a descentralização do poder.
“O maior triunfo dos Estados Unidos no chamado Século Americano não foi econômico, político ou mesmo militar. Foi na propaganda — na venda para o mundo da imagem de terra da liberdade, na propagação do assim chamado sonho americano.”
http://diariodocentrodomundo.com.br/por-que-os-americanos-nao-estao-nem-ai-para-as-eleicoes/
O ponto central aqui a ser observado é o controle das massas pelo alto poder por trás do governo, este poder poderia ser o legislativo, o judiciário e/ou o executivo. Esses poderes podem ser observados na imagem através da personificação desses homens bem vestidos que se encontram no lado direito desta obra, você pode observar que na mão do primeiro homem há uma espécie de controle que ao ter o botão apertado ele abre a tampa do caixote onde a “massa” se esconde, controle que representa a manipulação do que está aberto ao público... Claramente a imagem de que a população é constantemente ludibriada pelo governo a ver somente o que for do interesse, não ao bem comum.
Dentro do caixote que o homem do lado direito controla para abrir estão várias pessoas, este é o povo sendo controlado, a tampa do caixote representa o controle das massas, o povo somente enxerga a alegria de uma sociedade falsa, estão totalmente absortos da realidade e somente veneram o controle vigente sem qualquer interesse de desmistificação devido a lavagem cerebral.
Uma política de pão e circo se faz evidente ao observarmos o palco extremamente iluminado e a imagem do político carismático repleto de controle e retórica com um sorriso estampado no rosto. No entanto este político não passa de um verdadeiro marionete controlado pelos poderes governamentais que falei anteriormente, ele é apenas um símbolo para o público em um governo.
É perceptível que o fato ocorre dentro de uma espécie de fábrica, esta é uma fábrica que “produz políticos-marionetes”, seres acéfalos produzidos em massa com o intuito de controle massivo que por meio de persuasão e retórica controlarão as multidões. As formas de manipulações são as mesmas, independente da região, independente do povo.
Esta obra pode nos remeter ao mito da caverna de Platão no livro VII de A Republica de Platão,
O palco com toda aquela alegria e descontração iluminado por holofote seria a parede onde passam apenas às sombras, vemos estas sombras e acreditamos que elas sejam a verdadeira realidade:
Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm
O mundo é caótico, mas a luz ainda tende a nos cegar...
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Um Conto Chinês - uma vaca, um chinês e um argentino.
Como uma vaca que caiu do céu poderia mudar o rumo da vida de duas pessoas?
Esta é uma frase que pode soar com um ar estranho ou de certa forma cômico, porém é uma história real que foi adaptada para o cinema, um filme argentino de 2011 sob direção de Sebastián Borensztein.O filme “Um conto chinês” trata da história de um argentino e um chinês que se uniram por uma vaca que caiu do céu, eles que estabeleceram uma forte amizade e um vínculo muito forte sem um entender sequer uma palavra do que o outro dizia... Uma história comovente e forte onde a comunicação se faz por gestos e olhares profundos.
Roberto é um homem solitário e arrogante que possui uma loja de ferramentas em Buenos Aires, ele é acostumado com sua rotina extremamente meticulosa (como dormir exatamente às 23hrs todos os dias), ele é totalmente misantropo e trata todo mundo quase sempre mau, somente se segura devido precisar de clientes para a sua loja. Roberto possui uma admiradora nada secreta, ela é Mari, cunhada de um amigo seu que é perdidamente apaixonada por ele desde o primeiro momento que o viu na casa de sua irmã... Ela em vão faz várias tentativas de aproximar-se de Roberto, porém sem êxito. Mari é um ponto fundamental para o rumo desta história também, pois em muito ela ajudou Roberto a avaliar seus atos e pensamentos sobre os outros e sobre si mesmo.
Jun é um chinês que vai para a Argentina atrás de seu tio, o Sr. Quian após um triste fato que ocorreu com ele: a morte de forma absurda de sua esposa após uma vaca cair do céu e lhe atingir violentamente enquanto eles passeavam em um barquinho em um lago... Jun, com o objetivo de esquecer esta situação vai com a “cara e a coragem” para a argentina sem saber uma palavra em espanhol, ele que não tem sequer nenhum parente além desse seu tio.
As vidas de Jun e Roberto se cruzam quando Jun é atirado de um taxi após ser assaltado pelo motorista. Roberto, por mais ranzinza que seja, se sentiu na necessidade de ajudar este pobre chinês desolado... Chegando até mesmo ao ponto de levá-lo para sua casa e hospedá-lo, a princípio, somente por esta noite.
Creio eu que um dos trechos mais cômicos deste filme é quando após o protagonista levar o chinês no consulado ele se vê em apuros, pois o consulado irá tentar localizar o tio dele, no entanto não disponibilizará alojamento... o que resta? Resta a Roberto hospedar o chinês por mais tempo. Não é de se surpreender que ele não gostou nada da ideia e literalmente foge do prédio... Mas Jun vai atrás dele, e, ao chegar na porta ele vê somente o carro se afastando e fica lá...triste, triste...Mas Roberto engole sua estupidez e volta para pegar Jun, indo contra sua adorável e inseparável misantropia.
“NÃO ESTOU ACOSTUMADO A TER COMPANHIA!”
Uma das cenas mais bonitas é totalmente simbólica... No primeiro dia em que o chinês esteve na casa de Roberto ele o deixava trancado no quarto de hóspede por um receio natural humano de ele não ser de confiança, porém do outro dia, após ele o mandar ir para o quarto, Jun entra, o Roberto fecha a porta, toca na chave...Reflete, mas não o tranca. Isso representa uma quebra no paradigma dos princípios do personagem que já começa a se sensibilizar e a se envolver com a triste história do chinês perdido na argentina e a acreditar que ele é alguém de confiança.
De tão incomodado com o fato desse hóspede inesperado, Roberto não sabe o que fazer para livrar-se dele, ele começa a entrar em algumas crises devido ter perdido um pouco de sua privacidade, então ele estabelece que Jun deverá passar somente 7 dias na sua casa, e após isso, deve ir embora... Os dias vão passando e eles não conseguem resultados positivos na busca pelo tio de Jun e cada vez mais Roberto não sabe o que fazer para livrar-se desse grande incômodo.
Jun é um ótimo rapaz que tenta a todo custo agradar Roberto, sendo trabalhador a respeitando seu espaço, realizando toda e qualquer tarefa que lhe for pedida. Ele se sente muito grato pelo fato do velho ranzinza estar lhe ajudando dia após dia.
Vale lembrar que Roberto possui um certo grau de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), isto fica evidente na forma meticulosa de como ele sempre toma se café da manhã, a forma em que tira o miolo do pão ou o fato dele esperar exatamente vidrado no relógio chegar ás 23hrs em ponto para que assim ele apague a luz e vá dormir.
“ADOREI O TELEFONE TOCAR E UM CHINÊS DIZER QUE VIRÁ BUSCÁ-LO!”
“ISTO É DOCE-DE-LEITE, VOCÊS SE ESQUECERAM DE INVENTAR. POR ISSO NÓS INVENTAMOS!”
“OLÁ, BOM DIA! SEI QUE VOCÊS TÊM MAIS DE 5 MIL ANOS DE HISTÓRIA E UMA PACIÊNCIA INFINITA, MAS PRECISO IR ABRIR A MINHA LOJA...”
Este é o diálogo entre Roberto é um chinês quando ele vai no consulado procurar ajuda para solucionar o caso de Jun:
“ROBERTO: PODERIAM FAZER A GENTILEZA DE ME ATENDER AGORA? PRECISO FALAR COM O R. PIN GA HION!
CHINÊS: ELE ESTÁ NA CHINA E SÓ VOLTA EM 2 MESES!
ROBERTO: PODERIA ME ATENDER QUEM ESTÁ NO LUGAR DELE?
CHINÊS: NÃO HÁ NINGUÉM PARA ATENDER, NÃO TEMOS GENTE!
ROBERTO: 1 BILHÃO E 300 MILHÕES DE CHINESES NO MUNDO E VOCÊS NÃO TÊM GENTE?? MAS QUE CARA DE PAU!!”
Em uma de suas crises de raiva, Roberto expulsa Jun de sua casa após ele quebrar por descuido toda a sua coleção de brinquedinhos de vidro que ficavam em uma estante. Roberto pega Jun, coloca ele em um táxi e pede para o motorista largar ele na rua central do bairro chinês. Após este fato Mari aparece e com poucas, porém profundas palavras, faz Roberto refletir sobre esse seu ato, sendo que ele falou a Mari que Jun foi embora por conta própria...
A partir deste ponto do filme é que a história toma um dos rumos mais fortes, pois é quando Jun vai procurar o chinês, uma situação violenta acontece com Roberto e Jun aparece na hora para ajudar. Roberto se mostra muito grato com Jun, lhe pede desculpas e muda seu modo de agir e pensar. Agora Jun vai descobrir o que realmente houve com Jun para que ele deixasse sua pátria e viesse parar em Buenos Aires. Coincidentemente ele descobre que conhece a história de Jun, pois ele coleciona notícias absurdas que saem em jornais e o caso da vaca que caiu do céu era uma delas... Somente há um diálogo compreensível devido a ajuda do rapaz que entrega comida chinesa saber espanhol e chinês e assim, poder servir como um rápido tradutor para Roberto e Jun.
Não posso falar sobre o que há de mais profundo, emocionante e o desfecho do filme, apenas deixo aqui o sabor da história, creio que quem assistir a este filme não se decepcionará. Uma história linda onde palavras não foram fundamentais, apenas a relação de amizade, confiança e gratidão criadas a partir de um “fato absurdo”.
Esta é uma frase que pode soar com um ar estranho ou de certa forma cômico, porém é uma história real que foi adaptada para o cinema, um filme argentino de 2011 sob direção de Sebastián Borensztein.O filme “Um conto chinês” trata da história de um argentino e um chinês que se uniram por uma vaca que caiu do céu, eles que estabeleceram uma forte amizade e um vínculo muito forte sem um entender sequer uma palavra do que o outro dizia... Uma história comovente e forte onde a comunicação se faz por gestos e olhares profundos.
Roberto é um homem solitário e arrogante que possui uma loja de ferramentas em Buenos Aires, ele é acostumado com sua rotina extremamente meticulosa (como dormir exatamente às 23hrs todos os dias), ele é totalmente misantropo e trata todo mundo quase sempre mau, somente se segura devido precisar de clientes para a sua loja. Roberto possui uma admiradora nada secreta, ela é Mari, cunhada de um amigo seu que é perdidamente apaixonada por ele desde o primeiro momento que o viu na casa de sua irmã... Ela em vão faz várias tentativas de aproximar-se de Roberto, porém sem êxito. Mari é um ponto fundamental para o rumo desta história também, pois em muito ela ajudou Roberto a avaliar seus atos e pensamentos sobre os outros e sobre si mesmo.
Jun é um chinês que vai para a Argentina atrás de seu tio, o Sr. Quian após um triste fato que ocorreu com ele: a morte de forma absurda de sua esposa após uma vaca cair do céu e lhe atingir violentamente enquanto eles passeavam em um barquinho em um lago... Jun, com o objetivo de esquecer esta situação vai com a “cara e a coragem” para a argentina sem saber uma palavra em espanhol, ele que não tem sequer nenhum parente além desse seu tio.
As vidas de Jun e Roberto se cruzam quando Jun é atirado de um taxi após ser assaltado pelo motorista. Roberto, por mais ranzinza que seja, se sentiu na necessidade de ajudar este pobre chinês desolado... Chegando até mesmo ao ponto de levá-lo para sua casa e hospedá-lo, a princípio, somente por esta noite.
Creio eu que um dos trechos mais cômicos deste filme é quando após o protagonista levar o chinês no consulado ele se vê em apuros, pois o consulado irá tentar localizar o tio dele, no entanto não disponibilizará alojamento... o que resta? Resta a Roberto hospedar o chinês por mais tempo. Não é de se surpreender que ele não gostou nada da ideia e literalmente foge do prédio... Mas Jun vai atrás dele, e, ao chegar na porta ele vê somente o carro se afastando e fica lá...triste, triste...Mas Roberto engole sua estupidez e volta para pegar Jun, indo contra sua adorável e inseparável misantropia.
“NÃO ESTOU ACOSTUMADO A TER COMPANHIA!”
Uma das cenas mais bonitas é totalmente simbólica... No primeiro dia em que o chinês esteve na casa de Roberto ele o deixava trancado no quarto de hóspede por um receio natural humano de ele não ser de confiança, porém do outro dia, após ele o mandar ir para o quarto, Jun entra, o Roberto fecha a porta, toca na chave...Reflete, mas não o tranca. Isso representa uma quebra no paradigma dos princípios do personagem que já começa a se sensibilizar e a se envolver com a triste história do chinês perdido na argentina e a acreditar que ele é alguém de confiança.
De tão incomodado com o fato desse hóspede inesperado, Roberto não sabe o que fazer para livrar-se dele, ele começa a entrar em algumas crises devido ter perdido um pouco de sua privacidade, então ele estabelece que Jun deverá passar somente 7 dias na sua casa, e após isso, deve ir embora... Os dias vão passando e eles não conseguem resultados positivos na busca pelo tio de Jun e cada vez mais Roberto não sabe o que fazer para livrar-se desse grande incômodo.
Jun é um ótimo rapaz que tenta a todo custo agradar Roberto, sendo trabalhador a respeitando seu espaço, realizando toda e qualquer tarefa que lhe for pedida. Ele se sente muito grato pelo fato do velho ranzinza estar lhe ajudando dia após dia.
Vale lembrar que Roberto possui um certo grau de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), isto fica evidente na forma meticulosa de como ele sempre toma se café da manhã, a forma em que tira o miolo do pão ou o fato dele esperar exatamente vidrado no relógio chegar ás 23hrs em ponto para que assim ele apague a luz e vá dormir.
“ADOREI O TELEFONE TOCAR E UM CHINÊS DIZER QUE VIRÁ BUSCÁ-LO!”
“ISTO É DOCE-DE-LEITE, VOCÊS SE ESQUECERAM DE INVENTAR. POR ISSO NÓS INVENTAMOS!”
“OLÁ, BOM DIA! SEI QUE VOCÊS TÊM MAIS DE 5 MIL ANOS DE HISTÓRIA E UMA PACIÊNCIA INFINITA, MAS PRECISO IR ABRIR A MINHA LOJA...”
Este é o diálogo entre Roberto é um chinês quando ele vai no consulado procurar ajuda para solucionar o caso de Jun:
“ROBERTO: PODERIAM FAZER A GENTILEZA DE ME ATENDER AGORA? PRECISO FALAR COM O R. PIN GA HION!
CHINÊS: ELE ESTÁ NA CHINA E SÓ VOLTA EM 2 MESES!
ROBERTO: PODERIA ME ATENDER QUEM ESTÁ NO LUGAR DELE?
CHINÊS: NÃO HÁ NINGUÉM PARA ATENDER, NÃO TEMOS GENTE!
ROBERTO: 1 BILHÃO E 300 MILHÕES DE CHINESES NO MUNDO E VOCÊS NÃO TÊM GENTE?? MAS QUE CARA DE PAU!!”
Em uma de suas crises de raiva, Roberto expulsa Jun de sua casa após ele quebrar por descuido toda a sua coleção de brinquedinhos de vidro que ficavam em uma estante. Roberto pega Jun, coloca ele em um táxi e pede para o motorista largar ele na rua central do bairro chinês. Após este fato Mari aparece e com poucas, porém profundas palavras, faz Roberto refletir sobre esse seu ato, sendo que ele falou a Mari que Jun foi embora por conta própria...
A partir deste ponto do filme é que a história toma um dos rumos mais fortes, pois é quando Jun vai procurar o chinês, uma situação violenta acontece com Roberto e Jun aparece na hora para ajudar. Roberto se mostra muito grato com Jun, lhe pede desculpas e muda seu modo de agir e pensar. Agora Jun vai descobrir o que realmente houve com Jun para que ele deixasse sua pátria e viesse parar em Buenos Aires. Coincidentemente ele descobre que conhece a história de Jun, pois ele coleciona notícias absurdas que saem em jornais e o caso da vaca que caiu do céu era uma delas... Somente há um diálogo compreensível devido a ajuda do rapaz que entrega comida chinesa saber espanhol e chinês e assim, poder servir como um rápido tradutor para Roberto e Jun.
Não posso falar sobre o que há de mais profundo, emocionante e o desfecho do filme, apenas deixo aqui o sabor da história, creio que quem assistir a este filme não se decepcionará. Uma história linda onde palavras não foram fundamentais, apenas a relação de amizade, confiança e gratidão criadas a partir de um “fato absurdo”.
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